O que significa ser mulher? Essa é uma pergunta que não
cessa, tamanha a pluralidade de seus sentidos, sentimentos e possibilidades. Eu
particularmente sou filha de mulher batalhadora além da conta, que me chamou
desde cedo pra responsabilidade de vivenciar essa condição de quase super-heroína.
E eu levei isso tão a sério que durante um bom tempo pensei que fosse esse o
meu papel: salvas as pessoas delas mesmas e depois, se desse tempo, dar uma
mãozinha para esta que vos fala. Inverti os papéis, me perdi em meu próprio
contexto para só depois entender que a vida, a minha vida não se tratava de
nada disso. Não há como seguir em frente com tamanho peso. É impossível ser
feliz antes de aprender a ser leve. Isso é algo que não dá pra relativizar,
abrir mão, sob risco de perdermos de vista o que existe de mais essencial em
nosso coração: o desejo inato de liberdade. E para ser livre é preciso ter os
pés e alma desacorrentados. Precisamos estar libertos das correntes da auto
superestimação, dos traumas e erros de nossos antepassados, de todo e qualquer
tipo de preconceito e de qualquer comprometimento que não possua ligação com
nossa realização. Talvez ser mulher, especialmente nos dias atuais, comece
exatamente desse princípio: abolir todas as regras que antes regiam a nossa
vida e declarar que a partir de agora é cada uma vivendo a seu próprio modo e
que essa é a única lei.
Carolina Braga, 04 de mai. de 12.