segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Quando Deus nasce


Véspera de Natal. Impossível passar por essa data sem parar por um instante que seja e pensar na vida e nas relações que cultivamos – ou naquelas que deixamos, ou precisamos deixar morrer em algum momento.
Eu sou uma crente absoluta dos bons sentimentos e do fato de que existem pessoas que vivem a cultivá-los e praticar o bem. Mesmo num mundo tão louco e repleto de crueldade e feiuras diversas, ainda consigo sentir o divino tocar minha vida através de mãos humanas. Mãos repletas de amor e generosidade que me auxiliam a seguir por um caminho mais leve e mais bonito. Acho que o Natal é isso pra mim. Pois sinto que Deus nasce toda vez que nascemos pro amor, pro bem e pros sentimentos todos dessa família. E não há benção maior do que essa possibilidade de renascimento diário.
Que alegria poder renascer todo dia. Que sorte a nossa poder, enquanto estamos vivos, diariamente fazer novas escolhas e até corrigir alguns mal-entendidos, sair do automático, reinventar maneiras de seguir em frente.
O Natal é simbolizado por nossa cultura de consumo pela imagem de um velhinho chegando sorrateiramente repleto de presentes. Que tal este ano pensarmos nesta data como o dia em que nós seremos aqueles que bateremos em portas com presentes inesperados. Presentes que não estão à venda em lojas e que por isso mesmo possuem valores inestimáveis. Presentes como palavras gentis, abraços de reconciliação, beijos de perdão.  
Que neste dia – e nos próximos – tenhamos um pouquinho mais dessa verdadeira comunhão. E que os sorrisos, abraços e beijos sejam sinceros. Amém.

Carolina Braga, 24 de dez. de 12.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Para mim


Passei a infância bebendo litros e mais litros de suco de manga. Era só vê-lo sobre a mesa que meu rosto se iluminava como se avistasse um pote de ouro, que me faria afortunada de um sabor que era único para mim. Hoje passo tranquilamente sem essa 8ª maravilha da minha infância, na verdade, passo de super bom grado. Não me apetece mais.
Costumava até poucos anos me intitular como uma chocólatra assumida. Não tinha vergonha do meu vício e não me privava de saciá-lo um dia sequer. Durante um período tive que por recomendação médica suspendê-lo por alguns meses. E, pois num é que a sua privação compulsória me libertou de sua dependência. Hoje em dia, até como, até gosto, mas vivo sem também.
Eu sempre pensei que nunca conseguiria tomar a decisão de dizer um adeus livre e sereno para alguém que eu amasse e que não estivesse morto ainda em matéria. Foram tantos os suicídios exclusivos para mim, tantas as ausências e tão numerosas as tentativas por parte de algumas pessoas de viver feito zumbi ao meu lado, que acabei aprendendo uma lição deveras importante: eu posso sim muito bem abrir mão da presença de alguém que amo, o que não posso mais é viver sem me amar antes de tudo e de toda e qualquer criatura. E esse verbo amar para mim inclui coisas que parecem não fazer parte do pacote para algumas pessoas, como por exemplo: respeito, gentileza, generosidade. E dessas coisas já não abro mão. Por nada nem por ninguém.
Tenho esquecido o telefone por aí no silencioso, não tenho mais me explicado e justificado como antes. Poucos têm sido meus interesses no que diz respeito ao mundo lá fora. Simplesmente porque a vida aqui dentro está mais intensa do que nunca. E eu, finalmente, encontrei um jeito de ser intensa sem ser autodestrutiva.

Carolina Braga, 21 de nov. de 12.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Apologia a falta de elogio


Vivemos em uma sociedade que faz apologia do elogio à falta de elogio. Ou poderia ser dito também, como o elogio ao escárnio e ao negativismo vazio. Onde falar bem de algo ou alguém, é quase que proibido. E quando burlamos a regra, somos taxados de puxa-sacos ou coisa pior.
Falar mal da roupa, maneira de portar-se ou cônjuge do outro, é costumeiramente aceito e recebido com naturalidade. Como se não houvesse virtude que merecesse ser louvada, ou mesmo citada por quem quer que seja em relação a qualquer indivíduo. Ou como se precisássemos tratar o outro com inferioridade para nos sentirmos superiores, importantes. Penso eu ser este um conceito deveras estranho e infundado, mas o fato é que essa é uma atitude vastamente disseminada e que tem se espalhado feito vírus.
Há pessoas que parecem temer estar ao lado de quem se destaca, com receio de não serem notadas. Eu já acredito que estar ao lado de quem tem luz própria só me torna mais iluminada. Que estar perto de quem tem muitas coisas a oferecer em termos de conhecimento e valores, só engrandece o meu saber e o meu caráter. Eu acredito em coisas assim. E por não achar que existe isso de gerente ser superior à servente e que eu sou do tamanho daquilo que sou com o outro, que eu continuo a viver a minha vidinha da maneira que me faz sentir limpa: desobstruindo minha visão dessas feiuras produzidas por quem acredita numa beleza plástica e louvando sempre a gentileza, o respeito, a educação e outros membros dessa família. Simplesmente porque eles merecem, porque eles existem e porque esse é o assunto que eu quero ter.

Carolina Braga, 19 de nov. de 12

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

A nova poesia

Mais um ano está se preparando para dizer adeus e já estou avaliando os ganhos e perdas que no percurso deste se concebeu em minha vida. Há quem diga que nada é perda ou ganho e sim que tudo é apenas experiência, movimento. OK, então nos distanciemos dessa visão maniqueísta.


Esse foi um ano de muitas mudanças e acontecimentos pra mim. Iniciei uma nova fase acadêmica, saí do emprego, sofri um acidente, mudei o cabelo. Nossa! Esses já são acontecimentos por si só bastante notáveis. Ocorre que muitas outras coisas gravitaram nessa órbita. Rompi relacionamentos, iniciei outros e fomentei alguns que permanecem mais fortes e bonitos. Disse meu primeiro não definitivo e me senti mais livre depois disso; enviei uma mensagem de texto impensada, me arrependi e quis voltar atrás, obviamente, sem êxito. Muitas coisas se deram, muitas pessoas passaram pelo meu caminho nessa etapa. Tudo pareceu especialmente superlativo e eu senti como se tivesse envelhecido dez anos em um. Mais do que nunca, a Carolina de hoje tem algo de diferente da Carolina de alguns meses atrás. Eu mesma não consigo dimensionar todas essas transformações. Em alguns aspectos reafirmei antigas posturas e ideias, em outros casos, me vi caminhando em outra direção onde o sol parecia iluminar mais, onde o mundo pareceu fazer mais sentido para mim. Como eu gostaria de apresentar essa pessoa pra quem merecia estar ao meu lado hoje e por razões menores não está. Ao passo também, que me recuso veementemente a apresentá-la à alguns pesos que vestiam máscara de gente e que, graças a Deus e a uma certa intolerância dessa que vos fala, já não faz parte do meu perímetro limitado de pessoas de minha convivência.

É engraçado, olho pro espelho e me acho até mais alta. Algo agigantou-se aqui por dentro. E tenho encontrado tantos gigantes por aí que descobri que quero viver nessa terra de gente grande. De gente que sente grande, que ama grande, que sofre grande também, mas na qual tudo é maior porque os sentimentos que fazem morada nesse lugar, são os mais nobres e mais bonitos que podem existir.

A velha ansiedade até acalmou-se e pelo visto encontrou com o tempo e a maturidade, um jeito de ser também sábia. E nos momentos que ela dá às caras é super bem-vinda. Pois vem pra dar um gostinho a mais, e não pra tirar o sabor do que estou vivendo. Vi-ven-do. É isso o que estou fazendo hoje com mais pertencimento e dimensão da palavra. Palavra esta que saiu dos livros e se fez poesia na prática. E a despeito das dores, das lacunas, dos intervalos, essa tem sido a poesia mais bonita que eu já tomei notícia. Pois sou eu a sua poetisa e não há nada que possa me privar de dizer que ela é bonita e é bonita - como diria aquele outro poeta.



Carolina Braga, 02 de nov. de 12.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012


Duas pessoas podem ter amizade, ou namorar, alguém que pense e sinta a vida diferente em vários aspectos. O que torna uma relação íntima mais cedo ou mais tarde insustentável é quando ambas possuem muitos valores distintos. Basicamente, quando o que é de extrema importância pra um, não representa nada para o outro. Aí não tem jeito, ainda que desejem seguir juntos, invariavelmente cada um irá seguir um caminho diferente. Lá na frente, de repente, irão se encontrar e com certo constrangimento, irão atribuir o afastamento a falta de tempo ou à própria vida. Mas no fundo saberão: foram eles. Ou melhor, não foram.

Carolina Braga, 06 de set. de 2012.

domingo, 19 de agosto de 2012

Sobre ser amigo

Relações de amor são as melhores, mas também as mais delicadas. E me refiro a todos os tipos de amor: filo, eros, amigo... A última costuma levar consigo uma responsabilidade que atribuímos a esta às vezes até sem perceber: aliviar o peso de nossas outras relações e de nossa própria alma e nunca, em nenhuma hipótese, ser peso ou motivo pra dor de cabeça. Como se o amigo fosse uma espécie de anjo, que além de estar aqui para olhar por nós é um ser divino e, portanto, no mínimo quase perfeito. Certa vez eu ouvi de uma pessoa que tinha o dobro da minha idade, que a decepção de um amigo era a mais doía porque era justamente aquela que não era esperada. Eu entendi instantaneamente o que ela queria dizer com aquilo. Mas isso não é um absurdo? Como assim uma pessoa que nunca irá nos decepcionar? A amizade é um grande presente do Cara lá de Cima, não há dúvidas, mas esperar que essa prerrogativa de perfeição divina se estenda a outro mero mortal como nós, já é pedir um pouquinho demais. Particularmente tenho amigos incríveis, os melhores que alguém poderia ter – e sim, eu sinto um imenso orgulho em poder dizer isso. Mas o que possui de mais bonito nessas relações é a abrangência do abraço que alcança as minhas, as nossas imperfeições, como se tudo fosse precioso, simplesmente porque faz parte do que somos. Amar alguém verdadeiramente, ser amigo, talvez seja justamente isso: fazer do outro a nossa casa em tempos de tempestade, mas sem esquecer jamais de reconhecer a sacralidade desse lar, sem esquecer jamais de bater antes de entrar e de tirar as sandálias ao nela adentrar. É ser colo, é ser às vezes até pai e mãe por alguns instantes, é ser família sem laço sanguíneo, é ser amor que ama e que por isso, perdoa e aceita, e recebe, e devolve. Simples assim? Está longe de ser simples. Mas com a prática a gente melhora e o esforço sempre vale a pena.

Carolina Braga, 20 de ago. de 12. 

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Sobre a casa que eu não visito mais

Há pouco a menção de um nome me fez relembrar alguém que não faz mais parte do meu presente e que, no entanto, faz mais parte do que sou do que eu poderia mensurar. Fico maravilhada com essa coisa que faz o tempo parecer pequeno e inexistente, um mero coadjuvante numa história que está acima até dele mesmo. Essa coisa que pode ter várias denominações e diferentes sentidos, mas que nos leva sempre para a mesma direção: nós mesmos. Porque quem entra de fato pra modificar a nossa vida (pra melhor), mesmo que vá embora ainda assim acaba por ficar; seja através de algo que você aprendeu e achou que nunca fosse aprender, seja através de uma lembrança única e especial que não pode ser repartida com ninguém mais, seja através de uma forma de falar que você não consegue reproduzir com mais ninguém. Porque de alguma maneira, essa pessoa fez uma diferença tão bonita e significativa em sua vida, que nada poderá ser igual, nada nem ninguém. Porque de alguma maneira, essa pessoa se tornou um lugar, uma casa para onde você poderia sempre voltar e ser quem é de um jeito que você só sabe ser quando está lá. Há um tempo eu fechei a porta dessa casa a que me refiro no momento e confesso que não me recordo de ter cometido uma atitude tão estúpida e infantil como esta. A verdade é que não me recordo de ter fechado algum dia uma porta que me levasse de volta para mim. Talvez um dia desses, quem sabe, eu passe em frente a essa mesma casa e a encontre com as janelas e portas todas completamente escancaradas. Quem sabe haja até uma placa no jardim com os seguintes dizeres: “Carolina, seja bem-vinda!” Não digo que espero por isso, porque nesse caso esperar não seria justo. Nunca foi. Por esta razão, continuo apenas tocando a minha vida, sem saber onde as bifurcações desta irão me levar. Porém, torcendo lá no fundo, com meu sorriso mais largo, pra que seja para um bom lugar.

Carolina Braga, 02 de ago. 12.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Na iminência do grande dia

Nos próximos dias estarei comemorando o meu ano particular nascendo novamente. Nesses últimos meses inúmeras coisas aconteceram: mudanças na rotina, eventos inesperados, projetos reavaliados e alguns suspensos. Chega a ser engraçado o modo como a vida vez por outra decide acontecer. Ela não está nem aí pro que você pensa a respeito dela ou de qualquer outra coisa, ela dita as regras e ou você se enquadra, ou você dança baby. Quando digo se enquadrar, não me refiro a se conformar ou algo do tipo, mas ao fato de você ter que às vezes também se render. Se render à realidade de que não temos o controle sobre absolutamente nada e que num piscar de olhos tudo, absolutamente tudo, pode mudar ou mesmo deixar de existir. A TV, a contemporaneidade e tudo mais tenta nos vender uma ideia ilusória de que somos deuses, donos de coisas que nem ao menos são palpáveis. Quão logo acordamos desse sonho de Alice, mais cedo as dores poderão começar a diminuir de intensidade e algumas feridas cicatrizarem. Aprendi muito, muito mesmo, nesses últimos tempos e essa é uma certeza que tenho desde quase sempre: eu tô aqui pra isso, pra aprender.  E assim vou seguindo, com uma bagagem superior a quantidade de anos que consta na minha certidão de nascimento e umas marcas de guerra, como diria uma amiga querida. Apesar de toda a dor e de toda a dificuldade que só podem ser mensuradas por esta que vos fala, não trocaria minha história por nenhuma outra. Pois nada se compara ao orgulho que sinto da pessoa que sou, acima de tudo, apesar de tudo. E isso não é pra qualquer um.

Carolina Braga, 01 de ago. 12.

domingo, 1 de julho de 2012

Ser mulher

O que significa ser mulher? Essa é uma pergunta que não cessa, tamanha a pluralidade de seus sentidos, sentimentos e possibilidades. Eu particularmente sou filha de mulher batalhadora além da conta, que me chamou desde cedo pra responsabilidade de vivenciar essa condição de quase super-heroína. E eu levei isso tão a sério que durante um bom tempo pensei que fosse esse o meu papel: salvas as pessoas delas mesmas e depois, se desse tempo, dar uma mãozinha para esta que vos fala. Inverti os papéis, me perdi em meu próprio contexto para só depois entender que a vida, a minha vida não se tratava de nada disso. Não há como seguir em frente com tamanho peso. É impossível ser feliz antes de aprender a ser leve. Isso é algo que não dá pra relativizar, abrir mão, sob risco de perdermos de vista o que existe de mais essencial em nosso coração: o desejo inato de liberdade. E para ser livre é preciso ter os pés e alma desacorrentados. Precisamos estar libertos das correntes da auto superestimação, dos traumas e erros de nossos antepassados, de todo e qualquer tipo de preconceito e de qualquer comprometimento que não possua ligação com nossa realização. Talvez ser mulher, especialmente nos dias atuais, comece exatamente desse princípio: abolir todas as regras que antes regiam a nossa vida e declarar que a partir de agora é cada uma vivendo a seu próprio modo e que essa é a única lei.

Carolina Braga, 04 de mai. de 12.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Nós todos, mais interessantes

“Melhor perder o amigo à piada.” Nunca entendi muito bem esse ditado que tantos aplicam em suas vidas. Considero sem graça e sem razão de ser. Uma excelente desculpa pra quem não se sente à vontade em sua própria pele e que possui necessidade premente e constante de diminuir o outro para ver se consegue ao menos alcançar a estatura mediana. Eu como cearense tenho forte tendência a entrar nessa onda e me aventurar no tal humor amador e consolador desses dias tão secos e difíceis que vivemos. Mas não consigo entender essa ‘festa estranha de gente esquisita’ onde é cada um apontando o dedo pros defeitos dos outros e se esquecendo do quanto de peso precisa perder para ser leve. De fato, para fazer humor é preciso inteligência, inclusive para o amador.  Então, se você não tem nada de novo e aproveitável a dizer, lembre-se que calados todos parecemos incrivelmente interessantes.


Carolina Braga, 13 de jun. de 12.

sábado, 9 de junho de 2012

Presente de Deus

Eu sempre tive uma relação muito forte e intensa com a música. Não sou de família de artistas – nem de profissionais nem de amadores (não que eu saiba pelo menos). Mas pra mim é inconcebível uma vida sem música. Os dias perderiam a cor e os sabores a sua essência e razão de ser. A música é o barulho que fala mais alto em meio ao nosso próprio caos e que pode nos conduzir ao silêncio que tanto precisamos vez por outra encontrar para conseguir, enfim, um pouco de equilíbrio e paz. Às vezes, eu fico na dúvida se tudo o que é bonito não existe na verdade com a simples razão de vir a se tornar um dia uma canção. A música tem o poder de tornar a todos nós – branco, negro, pardo, rico, pobre – conectados, filhos (ou órfãos) de um mesmo sentimento. Ela é a embaixadora dos amantes, conciliadora de relações das quais as palavras já foram demasiado gastas. Ela não tem idade, pois nunca é nova ou velha demais para ser ouvida uma vez mais. Ela não tem tamanho, afinal desconhece limites, alcançando até os esconderijos mais ocultos de nossa alma e coração.
Seja nos esfregando na cara o óbvio, nos dizendo verdades difíceis ou nos ajudando a curar uma ferida, ela está aí, aqui, ela está em todo lugar. Graças a Deus.

Carolina Braga, 09 de jun. de 12.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Documentário Quebrando o Tabu

Há muito, muito tempo queria assistir esse documentário. E o que tenho a dizer é que todos deveríamos assisti-lo: pais, filhos, educadores, sociedade em geral. A educação é o único instrumento que pode viabilizar o caminho para obtermos as respostas que precisamos. Ao invés de nos fecharmos em nossos preconceitos e pequeno mundo particular, precisamos buscar nos abrir para reflexões de questões que julgamos não dizer respeito a nós, enquanto que na realidade estamos todos no mesmo barco, está tudo interligado.

Documentário QUEBRANDO O TABU. Assistam!

http://www.youtube.com/watch?v=Hz0EWwC-hug

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Sobre essa minha curiosidade

Eu nasci curiosa. Não se trata de curiosidade da vida alheia, acerca de seus pequenos defeitos e tropeços. É curiosidade pelo o que é demasiado humano, verdadeiro. Curiosidade sobre o que move cada um. Essa curiosidade me aproxima de mim, de meus detalhes. Me aproxima do meu próximo, do mundo de sentimentos que nos tornam iguais, irmãos.
Essa curiosidade me levou desde muito cedo a mergulhar no universo dos livros, da música, do cinema e afins. Muito do que existe da vida aqui dentro (e fora) é ensaiado sob pretexto de arte e disfarce através dessas expressões artísticas. Talvez por isso fique estupefata ao ouvir alguém dizer que não é lá muito adepto de nenhuma dessas atividades por assim dizer. É quase como me dizer que não exercita o autoconhecimento, como me dizer que vive sem alimentar a alma e o coração. Essa é uma visão bastante pessoal, é fato. Mas note que esse texto está sendo escrito a partir da primeira pessoa.
Ler um bom livro pra mim é como ver a minha história contada através de palavras que foram desenhadas por outro ser humano que sente medo como eu, que sofre como eu, que sorri como eu. Ouvir uma música de beleza e sensibilidade é me perceber mais próxima do Deus que eu acredito. Ver um filme que fale da verdade que há em cada um de nós, é ver a minha vida em pequenas cenas, com as minhas falas pronunciadas por outras bocas com similar emoção. Viver? Ah, viver é experenciar tudo isso sem direito a ensaio, edição ou melhores momentos. É tudo isso. Tudo junto. É tudo.

Carolina Braga, 20 de abri. de 12.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Sobre o que é meu (não seu)

Fico abobalhada com a falta de noção de algumas pessoas. Tanta gente falando do que não sabe, invadindo a vida dos outros como se fosse o quintal da sua casa. Isso sempre foi uma coisa que me impressionou enormemente: a capacidade que alguns têm de ser deselegante e desrespeitoso. E o que implicaria falta de elegância e respeito? São vários os exemplos e situações. Segue algumas dicas:

1. Forçar que o outro exponha detalhes pessoais de um problema ou trauma vivido.

2. Perguntar acerca de detalhes íntimos que envolvem inclusive outras pessoas.

3. Tentar usar o outro como realização de suas próprias fantasias, através de fofoca e/ou insinuações maledicentes. Dentre outros.

Considero a vida de uma pessoa extremamente pobre e desinteressante, a partir do momento que saber com quantas pessoas o seu vizinho dormiu, se torna uma informação tão importante como deveria ser algo que só diz respeito mesmo a você.

Ler um bom livro pra mim sim é algo interessante. E manter certos detalhes meus no privado também.

Carolina Braga, 11 de abr. de 12.

sábado, 7 de abril de 2012

Sobre aquilo que eu não pude te dizer

Há pouco mais de uma hora recebi uma notícia que já algum tempo esperava receber, ainda que se tratasse de algo que eu gostaria de nunca precisar lidar. Acontece que, querendo ou não, somos frutos das decisões que tomamos – ou nos isentamos de tomar.

Uma menina de pouca idade, bonita e cheia de vida tomou a sua última decisão e deixou para todos que desejávamos o seu bem, a saudade eterna como uma de suas maiores consequências. Pois é, às vezes as pessoas que nos amam são obrigadas a viver de maneira irremediável com o resultado de nossas escolhas. E isso é de doer mais do que eu possa dizer.

Não falava com N. há coisa de três anos e só o que consigo pensar é se realmente não poderia ter feito algo para ajudá-la lá atrás. Se ao invés de dizer: “Calma, respira, pensa no que é melhor pra você. Qualquer coisa eu estou aqui.” Se eu não deveria ter dito o que era claro: “ISSO NÃO É O MELHOR PRA VOCÊ. SAI DESSA!” Essa é uma coisa da qual eu nunca vou saber. Mas acabei de aprender através de uma pessoa da qual eu daria, meu Deus, eu daria tanto para poder abraçar novamente, o quão devastadora pode ser uma decisão errada. Tô (tentando) digerindo aqui o aprendizado sofrido do quanto uma escolha equivocada pode gerar outras mais. Sentindo-me completamente impotente, profundamente triste com a realidade de que N. não terá uma segunda chance, de que ela não poderá errar nunca mais – nem acertar. Deus, e o que eu faço com tudo isso? O que eu faço com esses sentimentos todos?

N., espero que você encontre a paz que em vida já não tinha.

Com imenso pesar e eterno carinho,


Carolina Braga, 7 de abr. de 12.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Minha primeira professora

Sou filha de uma mulher de fibra. Minha mãe tem tanta personalidade que não são raras as situações em que ela atropela quem está por perto. Tenho pensado o quanto sou parecida com ela. Por termos tanto em comum, volta e meia estamos duelando, ambas tentando a todo custo sobreviver ao espelho que a outra representa para si. Não é fácil se enxergar assim tão de perto. Mesmo naquilo que sou completamente diferente dela, vejo o quando a sua presença e o nosso laço fala (grita) também a essa parte de mim. Minha mãe me ensinou as lições mais importantes que aprendi, aquelas que nem todos os livros juntos da minha estante poderão um dia suspeitar. Estou sempre lutando contra aquilo que eu sei, ela mesma não concorda acerca de si. Lutando para não me influenciar e para tentar quem sabe, escrever na minha história uma página diferente que ela não conseguiu – ou não pode. Já em relação as marcas que ela me deixou e das quais hoje me orgulho, essas eu busco simplesmente honrar e fazer dos seus traços um sorriso mais largo, a meu modo, no máximo de tempo possível.
Dizem que o estudo é a maior herança que nossos pais podem nos deixar. Estou aqui para testemunhar que o estudo é sim um bem deveras valioso, porém que a educação excede e precede as paredes das salas de aula. Quem teve maior possibilidade de aprender foi aquele que teve as principais lições de sua vida ensinadas dentro de casa.

Carolina Braga, 02 de abr. de 12.

Fazendo a minha parte

Há pouco mais de três meses iniciei uma especialização em Educação Inclusiva e desde então tenho sido confrontada com a velha perguntinha mágica: “Por quê?”. É engraçado quando acontece uma situação assim, em que nos vemos tendo que formular uma justificativa para algo que é tão justificado para nós, que por essa razão nunca precisamos nos dar uma resposta. Dia desses me peguei respondendo pura e simplesmente: “Eu sempre quis fazer a diferença na vida das pessoas”. Isso pode soar piegas ou até mesmo arrogante, mas ocorre que esta é a única verdade.
Eu cresci com o sentimento de que não havia sentido estar aqui para fazer as mesmas coisas que eu via serem feitas e das quais não concordava. Pensava (e penso) que não há sentido na vida quando não há sentimento – pelas pessoas, de uma maneira geral. E para sentir as pessoas, é preciso antes enxergá-las. Pois a partir do momento que isso verdadeiramente acontece, é impossível olhar para trás ou para os lados, pois você já não é mais o mesmo, você já não faz mais parte do passado. Afinal,somos todos a somatória de vivências de pessoas que cruzaram nosso caminho e nos deixaram (ou nos levaram) algo. Trabalhar a Inclusão e a Educação é acreditar que essa soma pode (e deve) incluir todos os sem-número de pessoas distintas que possa vir a existir em nossa vida e que pode haversim sempre um resultado positivo para ambas as partes.
Eu não sei até que ponto eu poderei realizar isto, mas começar sabendo o nome do meu novo vizinho e porque ele não vai à escola, talvez esse seja um início.

Carolina Braga, 27 de mar.
de 12.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Play again, Carolina! (2)


Estou tão leve, sabe... Com a feliz sensação de que me livrei de um peso de toneladas e de que o meu ano iniciou por esses dias com todo o azul e sol que hoje eu sei, eu mereço. Não me sinto em dívida com quem quer que seja e nem fiel depositária de nenhum bem que me custe a preocupação de noites não dormidas. Me desliguei de inúmeras situações que me causavam mal estar e me impediam de ser quem sou. Pronunciei palavras com as quais não tinha intimidade, por sempre ter tido um respeito exagerado por estas e por quem as destinava. Sempre tive medo de palavras mal ditas, mas pior do que a palavra mal dita é o silêncio que te faz cúmplice de uma situação que te violenta. Pior do que qualquer outra coisa é o medo que te reprime.
Coisas que antes eram importantes tornam-se completamente desinteressantes. Aprendi que pessoas não são descartáveis, mas algumas relações sim. Aprendi que tudo muda e que por isso não devo ter medo de mudar, de perder ou perder-me. Nada é perda no fim, pois tudo em algum momento já foi ganho. Então faça desse momento alimento pro depois. Pra você, por você, sempre. Não perca esse foco e não perderá nunca o que é importante.
Estou num momento de transição e consequentemente de incertezas, mas o engraçado é que nunca estive tão certa das decisões que tenho tomado. Nunca estive tão certa de mim. Game over para o que passou e não soube continuar. Game over para justificativas ou explicações. Game over para o que me impedia de seguir, de ser, de viver. Agora sou eu que estou no comando.

Carolina Braga, 19 de mar. de 12.
- -
"É um dom...
Saber envaidecer
Por si
Saber mudar de tom
(Los Hermanos)

domingo, 1 de janeiro de 2012

Meu desejo para 2012!



O dia destacado no calendário anuncia o início de um novo ano. Esse dia costuma trazer consigo a graça de ser esperança para os próximos que virão. Todos, lá no fundo, enxergamos nele a possibilidade de um recomeço que se estenda por bem mais que 24 horas. Eu particularmente já iniciei esse ano com uma cara diferente, por dentro e por fora. Por fora, a pela bronzeada da cor do sol que nutre também a alma. Por dentro, eu diria que tô de cara transparente, branquela mesmo. O branco da paz comigo mesma, de consciência tranquila com certas coisas que há muito precisava arrumar por aqui. A vida tem um jeito engraçado de acontecer, é preciso antes vir a bagunça para que possamos depois nos dignar a buscar, em meio a nossa própria confusão, o que deve ser descartado e o que deve ser preservado. Já tenho como certo de que é preciso vez ou outra nos perder, para que possamos depois nos encontrar de fato, a fundo, verdadeiramente. O que desejo pra esse novo ano, é o que desejo para todos os dias e para toda a gente: respeito, paz, amor, esperança e todos os primos e tios desses sentimentos todos. Só que desejo hoje com desejo maior que ontem, como quem não cansa nunca de acreditar que essa promessa possa ser cumprida amanhã.


Carolina Braga, 01 de jan. de 2012.