quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Cadência


Assim como na comédia o grande segredo da vida é o ‘tempo’. Tudo tem o seu momento. Cada instante exige um movimento diferente. Um alcance, uma voz, um sentimento. Uma força que comande com perfeição cada emoção, cada vontade, cada verdade. Perder a hora significa muito mais que perder o trem, significa perder a viagem, a oportunidade. E não adianta se antecipar, o sol não nascerá antes só para lhe agradar e suprir sua eterna pressa que nem mesmo você sabe explicar. Não fique aí parado a esperar, mas também não precisa correr como se houvesse um pódio a alcançar. É só você e você. Mais ninguém. Não há competidores nem medalhas. Há sim a cadência da vida que, quando bem vivida, revela-se mais bela que a mais onírica das odisséias.

Carolina Braga
[ hoje ]

Tentativa vã


Do quê serve palavras que não alcançam o coração? Do que serve o abraço que não é preenchido de emoção? Você falou, me abraçou, sim, você tentou. Mas não deu. Não convenceu. Tentou me comprar com promessas vãs (as mesmas de sempre), quis me ludibriar depois de tanto me magoar. Você não sabe, a ferida criou casca, tão sólida que já não posso voltar a sangrar – não no mesmo lugar. A crença virou descrença, a ingenuidade, maturidade. Eu mudei, entende!? Ou melhor, nem tente. Você jamais foi capaz de me enxergar.

Carolina Braga
[ hoje ]

Não mais


Durante muito tempo eu esperei um gesto ou uma palavra que me fizesse acreditar que tudo valeu a pena. Todo o meu amor, minha paciência, minha compreensão e desprendimento em abundância a ti dedicados. Mas eu estava enganada, a sua alma era (é) sim pequena. Diante disso eu vi perder-se todo o sentido. Diante disso eu mesma me vi perdida. Há tantas coisas que se eu pudesse teria feito diferente, mas não sei, talvez não existisse mérito nisso. Você me deixou vazia, sugou-me o quanto pode e mais do que eu imaginava ter para dar. Não à toa o que havia de ti em mim findou e eu nem tenho o que lamentar. Para quê cultivar sobras de um sentimento não desejado? O mundo já está suficientemente abarrotado de desperdícios. Eu poderia te dizer muitas coisas, acontece que você não merece nem uma só palavra.

Carolina Braga
[ ontem ]

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Certezas demais


Sempre declararam sentir muita certeza e segurança em mim. Eu, até bem pouco tempo atrás julgava isso como algo bacana – tanto pra mim, como pra quem nutria esse sentimento. Julgava... Não sei, acho que certezas demais não fazem bem pra ninguém. Pra quem as transmite por ser muito cobrada por isso, pra quem as sente porque às vezes, sem perceber, abusa da coisa. Pois é, quanta coisa não fazemos sem perceber. Quantas coisas perdemos sem perceber. E sem perceber vamos causando feridas que por não serem sabidas são mais sofridas. Mas aí já foi, né. Cada um com sua dor, com seu carma, com seus traumas. Cada qual com suas escolhas. Me deixa então com as minhas e fica com a única certeza que posso agora te fornecer: pra você, eu sou dúvida, tá?

Carolina Braga
{agora}