sábado, 26 de junho de 2010

O som do meu coração


Eu olho à minha volta e vejo muitas coisas sem sentido. Olhares que nunca se cruzam, mãos que não se alcançam, corações que continuam a bater sem saber porquê. Órfãos de pais vivos, pais que pedem colo à filhos. Papéis totalmente invertidos. Meninas que são obrigadas a virar mulheres antes da hora, homens que passam a vida a se comportar como meninos. Pessoas que sofrem de insônia por terem muitas contas acumuladas, daquelas que não se quitam em bancos e que inexiste a possibilidade de desconto. Vejo gente se matando todo dia, um pouquinho mais, e a dor já não é agravante para se julgar mais nada. É um beijo seguido de tapa pra cá, é um tapa seguido de beijo pra lá. É a própria "Sodoma & Gomorra". É a promiscuidade de valores e sentimentos se instaurando em corações desabitados, completamente abandonados. Eu sempre quis mais do que isso, eu sempre guardei meu coração para mais do que isso. Talvez por esta razão, ele continua a bater ao som da mais bela canção. Aquela que nunca cessa de tocar, aquela que nunca canso de ouvir.

Carolina Braga, 26 de jun. de 10.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Você, minha razão e certeza de todo tempo



Eu aprendi a andar quando poderia não ter pernas, eu aprendi a cantar quando poderia não ter voz, eu aprendi a Te ler quando poderia nem mesmo ver. Eu aprendi tantas coisas quando poderia nem ter sido, - nem por um instante. Eu levei pouco tempo pra perceber tudo isso, eu levei ainda menos tempo pra entender que por mais que não soubesse ainda como Te chamar, que Você estaria lá para ouvir o meu chamado. E ‘lá’ é onde Você permanece, por mais que não haja chamado, por mais que às vezes eu queira levar sozinha todo o fardo. Tudo o que sou e tudo o que faço, tudo que serei e farei, tudo só tem sentido por isso. Porque eu sei que essa é a única certeza que nenhum terremoto jamais demolirá.

Carolina Braga, 18 de jun. de 10.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Para sempre você






Ontem me deu vontade de te dizer coisas que não disse. De viver coisas que ficaram pro amanhã e que o amanhã não permitiu acontecer. Desejei simplesmente olhar pro lado e ver você ali, eu quis sentir você mais perto de mim. Quis tantas coisas, com um querer de tamanha intensidade que me esmagou o peito, me tirou as palavras e deixou para os olhos a incumbência de dizer algo que poema algum é capaz de materializar. Eu quis que tivesse dado tempo, que tivéssemos tido mais tempo. Eu quis tanto que de alguma maneira fui atendida, e você aqui comigo permanece.

Carolina Braga, 14 de jun. de 10.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Sobre a fome de cada ser




Você que me pede pra matar sua fome; eu me pergunto: “até onde eu também mato o homem?” Aquele homem que é dono de tantas fomes e que há muito já morreu de algumas delas. Aquele homem que bate em portas que não se abrem, que abre a mão pra receber ‘qualquer coisa’ e o que recebe é quase nada. Homem o que eu posso verdadeiramente fazer por ti? Eu gostaria de ao invés de dar o que me pedes dar o que precisas. Mas o que de fato você necessita? Que vazio é esse que comida não preenche e que analista não entende? Chego até a me perguntar quem de nós é mais miserável, se é você que desesperadamente me estende as mãos, ou se sou que covardemente não as alcanço. Oh homem, espero que ao menos um dia descubras que há um Deus que habita em ti, e que é esse mesmo Deus o único que poderá teu maior vazio saciar.

Carolina Braga, 10 de jun. de 10

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Minha nova escolha




Eu tentei - você não poderá nunca dizer o contrário. Cheguei a pensar que poderia sustentar a mim e a você em meu colo largo, afinal como sabemos eu sempre fui meio grande. Mas ocorre que o coração que me carrega é pequeno demais para nossos medos e desalinhos todos juntos. É uma soma cruel e desumana. A sua anatomia não permitiu e tudo ruiu. E as coisas ficaram assim meio desarrumadas e eu sem saber direito o que era você e o que era eu fui recolhendo tudo com cuidado e tratei de enredar em uma segunda tentativa fadada a um novo fracasso. Eu falei: “Vamos lá!” E o que aconteceu é o que eu já pressentia. Os fatos não mudam, ‘fatos’ não possui opinião, fala, consciência. Pessoas sim, quando possuem além de todos esses pré-requisitos, alguns outros como coragem, bom-senso e atitude. Eu esperei por você, você esperou por mim e nenhum de nós chegou a nenhum lugar. Enredei em outras escolhas e em nenhuma delas obtive a resposta que desejava. Então, finalmente percebi que nem sempre desistir significa retroceder ou perder, pelo contrário, às vezes desistir representa justamente nossa carta de alforria para uma vida mais leve e com algum sentido. Enfim, descobri que existe uma menina que só precisa da mão da mulher em que nela habita e que essa mesma mulher, é adulta o bastante pra bancar a responsabilidade de criar uma menina nesse mundo cruel e insano.

Carolina Braga, 04 de jun. de 10.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

A Hora da Virada










Já faz algum tempo, - não muito -, mas tudo está quase que completamente diferente. Eu antes imaginava que a essa altura eu teria mais certezas que dúvidas e eis que de não-saberes sem fim são tecidas a minha história. Todas as promessas de amor e fidelidade se dissiparam com tamanha facilidade que mais pareciam pó. Longe de ser rocha, longe de ser algo em que eu pudesse nos momentos de fragilidade me apoiar. Sempre tive uma mania – talvez a primeira vista estranha – de querer me bancar sozinha. Acontece que faz bem pouco tempo que resolvi pagar pra ver e constatei que as falas que me eram ditas, eram como que em um passe de mágica esquecidas por aqueles que a proferiam. Engraçado, talvez a fora de contexto seja eu que sempre levei tão a sério as palavras e ainda mais a sério, as pessoas a quem as dedico. Enfim, eu não sei de quem foi o erro, só sei que a partir de hoje eu quero ser mais feliz em meus acertos.

Carolina Braga, 02 de jun. de 10.