sexta-feira, 24 de julho de 2015

O verdadeiro milagre

Até bem pouco tempo eu acreditava que as pessoas podiam mudar. Como em um milagre divino se transformarem da água para o vinho. Mas ocorre que em nenhum processo da natureza um elemento se transforma em algo que ele não possua essência e substância para esse evento. Logo, nos transformamos apenas e sempre naquilo que somos. Naquilo que por falta de autoconhecimento nem mesmo nos dávamos conta de que possuíamos. Naquilo que, de repente, já vislumbramos em algum momento sem acreditar que poderíamos chegar lá. É tolice e completa falta de tempo esperar do outro algo que ele não tem para dar e nunca terá. Nem é culpa do sujeito, é apenas a sua natureza, e esta pode ser no máximo melhorada, mas jamais alterada em sua essência. Já ocorreu comigo circunstância em que um ser humano pediu por assim dizer para voltar para a minha vida, alegando ter mudado etc. Balela. A gentileza foi embora rapidinho dando espaço para o velho desequilíbrio e garoto mimado e egoísta de todo o tempo. Pois não somos também simplesmente o que fazemos, mas o que fazemos de maneira contínua e a qualidade de nossa ação. Qualquer pessoa pode ter a melhor das atitudes temporariamente a fim de conquistar uma confiança ou coisa do gênero. Hoje me dou conta do quanto de fato é preciso estar de olhos abertos à nossa volta, inclusive para nos enxergar com maior clareza e até sinceridade. Vejo o quanto minhas relações íntimas falam de mim. E de certo, isso não ocorre apenas comigo. O antigo aforismo “diga-me com quem andas que te direis quem tu és” pode dizer mais de nós mesmos do que possamos imaginar. Há pessoas que me são extremamente queridas e das quais possuo grandes diferenças nos aspectos do pensar e agir. Porém, aquelas que me são mais próximas, essas certamente a despeito das diferentes criações e histórias de vida, possuo em comum alguns significados e valores importantes. Significados, por exemplo, para as palavras respeito, amizade, amor. Aqueles que nos são mais próximos serão sempre um espelho para quem somos, por mais que escolhamos não olhar para ele. 

terça-feira, 21 de julho de 2015

Estar em paz

Estar em paz.
Estar em paz é estar onde se quer, com quem se quer e como.
Estar em paz é ter mais misericórdia no coração do que julgamento no pensamento.
Estar em paz é poder confiar.
Estar em paz é perdoar.
Estar em paz é poder seguir sem precisar se trair.
Estar em paz é gostar de estar só e casar consigo, deixando espaço para um inquilino.
Estar espaço é estar aberto ao novo e ser feliz com o velho.
Estar em paz é não sentir necessidade de justificativas.
Estar em paz é não compreender a atitude alheia e não criar expectativas de mudança.
Estar em paz é não somar erros, mas construir novos caminhos com as diferenças.
Estar em paz é buscar novos caminhos de encontro.
Estar em paz é ter sabedoria para se enxergar e humildade para se reconhecer.
Estar em paz é ser quem é, buscar quem é e não desistir de quem é.
Estar em paz é viver esse processo com tranquilidade, esperança e amor.
Estar em paz, é estar em si com amor.


domingo, 12 de julho de 2015

A potência de gestar

Nove meses. Esse é o tempo que a vida pede para formar e ser concebida. Às vezes, ela é mais veloz tamanha a vontade de vir a ser. Em nove meses muitas coisas podem ser gestadas, incluindo uma nova vida que não gera outro ser material, mas um novo indivíduo espiritual. Possivelmente uma pessoa que já ansiava pelo seu nascimento, mas que precisou de novos elementos para viabilizar esse surgimento. Em nove meses pode nascer em nós uma nova pessoa, mais parecida com quem somos em essência. Em nove meses pode nascer, crescer e ir para o mundo o perdão, aquele mesmo que precisamos oferecer sem mesmo ter sido solicitado pela parte causadora das ofensas e mágoas. Em nove meses podemos conhecer outros significados mais reais para as palavras já conhecidas. Em nove meses a vida pode dar uma volta daquelas, que a princípio nos deixa tontos, mas que depois quando ela para, você simplesmente não consegue parar de sorrir e agradecer por sua sabedoria infinita e pelo lugar em que está agora. Em nove meses pode ser gerada uma consciência mais limpa e tranquila de quem se é e daquilo que não deseja para si, principalmente. Em nove meses pode nascer um amor ainda maior do que aquele que acreditava conhecer. Em nove meses você pode aprender mais sobre o que há muito era necessário saber a respeito das coisas que genuinamente lhe pertencem. Em nove meses você pode aprender a acepção mais verdadeira da palavra lar e que muitas casas materiais jamais serão espaço para um. E que, sobretudo, você precisa ser a sua própria casa, onde quer que esteja, para poder estar sempre em contato consigo, para poder se levar por onde quer que vá. Em nove meses podemos caminhar durante um bom tempo sem saber para onde estamos indo, mas algumas boas escolhas do passado podem nos conduzir misteriosamente ao lugar que nos proporcionará a vista onde o sol até parece nascer, de tão pleno e reluzente. Em nove meses, ah... em nove meses, podemos nascer de novo. Literalmente.