terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Para cada qual o seu quadrado



Não se engane, a esmagadora maioria das pessoas que conhece não se importa verdadeiramente com você, mas com aquilo que pode obter através de você, ou seja, com aquilo que você pode a ela oferecer – seja um ombro, um conforto, uma carona, uma roupa ou um dinheiro emprestado. Óbvio que todos somos movidos a interesses, mas o que os diferencia é a sua natureza, os seus meios e seus fins. E em geral, esse ciclo inicia e termina sempre em torno de um só umbigo. Você está ‘por cima’? Existirão pessoas sem número para alimentar em você a falsa ilusão de que é popular, de que metade do mundo te ama e que a outra metade gostaria de fazer parte de sua vida – ah, pra sempre é claro, que só por algumas semanas, meses e até anos não é o bastante. Agora, se você está ‘por baixo’, 98% dessas mesmas pessoas, por qualquer ou nenhum motivo, estão muito ocupadas para você. Engraçado, justo elas que estariam ao seu lado a todo o momento, sob qualquer circunstância; justo elas que juraram amor eterno. Pois é, hoje ama-se muito e demasiadamente com a boca, parece que esqueceram que essa função foi delegada ao coração e por esta razão, só ele pode desempenhá-la com veracidade e maestria. Tem uma pseudomúsica que berra aos ouvidos: ‘cada um no seu quadrado’. Essa não é uma pseudoverdade. É fato, realidade.

Carolina Braga, 23 de fev. de 10.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Vontade que dá... e não passa




Você já sentiu vontade de colocar seu celular e todas as suas outras coisas dentro de um aquário pra elas afundarem? Você já sentiu vontade de sair, pra nunca mais voltar, só com a roupa do corpo, sem dinheiro, passaporte ou papagaio à tira-colo, sem ter sequer a mais leve suspeita de onde seus pés lhe levariam? Você já sentiu vontade de mandar pelo menos metade do mundo à p* que os pariu? Bem-vindo (a) ao clube! ;)

Carolina Braga, 22 de fev. de 10.

Abaixo os domingos!

Segunda-feira. Não consigo entender o que as pessoas têm contra as segundas-feiras. Dia de recomeço, de princípio, de dia atarefado, dia de rever e fazer novos planos. É um dia com propósito, motivo justificado, ou seja, um dia com razão de ser. O que eu entendo menos é a ansiedade de tantos para a chegada do fatídico domingo. Eita dia pra ser mais sem sentido! Por mim, poderia ser riscado do calendário. Domingo não tem nada pra fazer e por mais que inventemos, ainda sim, fica com a aparência de vazio que não pode ser preenchido. Dia que chova ou faça sol, tem sempre a mesma vibe: sem graça. Você tira o sono atrasado, assiste filmes, faz inúmeras ligações, visita um amigo e o dia ainda está longe de chegar ao fim. As pessoas parecem ficar em stand by, as coisas definitivamente não seguem seu curso natural. Viva o ritmo frenético! Abaixo os intervalos cibernéticos! Viva as segundas-feiras! Abaixo os domingos! É essa a revolução que eu quero.


Carolina Braga, 22 de fev. de 10.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Sobre deixar ir





Esses dias assisti a um filme que já há algum tempo desejava ver: Uma Prova de Amor, inspirado no romance de Jodi Picoult. A circunstância de ser baseado em fatos reais é um trunfo que costuma me ganhar de cara, independente da história. Talvez por oferecer a este um caráter comprovadamente real, por assim dizer. Eu sempre gostei de saber o que se passa na cabeça, e, especialmente, no coração das pessoas que possuem uma vida consideravelmente diferente da minha. O engraçado, é que, por exemplo, nesse filme especificamente falando, mais uma vez me dou conta de que apesar dos dramas pessoais, estruturas familiares e tudo o mais serem distintos, certas coisas, simplesmente são iguais pra todo mundo. Se eu, ou qualquer outra pessoa do mundo, colocar a mão no fogo iremos nos queimar; todos (sem exceção) sentimos medo; eu, você, seu irmão, seu pai, sua mãe, seu vizinho, todos precisamos de um pouco – quando não, de muita – compreensão. Esse filme fala de um momento tão recorrente e difícil na vida que é nos despedirmos daquilo que por tanto tempo ficou (ou nem tanto assim) e que não só ficou, mas fincou raízes profundas em nosso coração, de tal maneira, que nele alimentamos a esperança de jamais precisarmos viver sem esse cultivo e seus frutos todos. Fala e por vezes até grita, sobre a coragem e a nobreza de deixarmos ir o que tiver que ir. Seja um amigo, um amor ou um filho. Tarefa nada fácil, é fato. Principalmente, porque às vezes quem precisa ir somos nós e não temos coragem de dizer adeus a tudo o que precisamos deixar para trás para seguir mais leves e podermos levar na bagagem só o que for realmente necessário. No final das contas, esse filme, a vida e todo o resto, deixa mais que claro que a separação é inevitável e quando retardada, apenas é mais sofrida.

Carolina Braga, 16 de fev. de 10.

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PS: E sim, eu indico o filme. ;]

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Talvez não


Em nunca fui muito boa em dizer 'não'. Talvez porque pronunciar essa palavra sempre tenha soado para mim como uma espécie de sentença definitiva e inegociável, impossibilitando recursos de apelação ou qualquer tipo de alegação. Eu gostava de pensar que as coisas, de repente, tinham jeito e que, quem sabe, ainda seria possível virar o jogo nos 45 do 2º tempo. (Quem sabe a prorrogação não me favorecia?) Talvez essa fosse a minha maneira de ser otimista, ou de simplesmente alimentar amargas e inúteis espectativas. Os tempos mudaram e acabou que o tal do 'não' passou a fazer parte do meu dicionário e eu até descobri que ele nem sempre é o vilão da história. Na verdade, eu descobri que não existem vilões - nem mocinhos. Me dei conta de que perder às vezes não é assim tão ruim e que ficar, frequentemente causa mais estrago que partir.

Carolina Braga, 08 de fev. de 10.