sábado, 28 de março de 2009

Dor


Qual a dor que mais dói? Haverá uma resposta precisa para essa pergunta? Creio que não. Nunca há. Especialmente quando falamos de sentimento e pesar, medidas tão particulares, tão próprias de cada um. Há os que dizem que a dor fortalece. Há quem a credite um valor exclusivamente espiritual, contemplando o corpo como apenas um depósito de resquícios de males absorvidos e problemas mal resolvidos. Existe a dor que nunca passa. Existe aquela que nos pega de súbito e nos esmaga, deixando em pedaços a alma. Há vários tipos de dor e intensidade. Há várias promessas de cura e paliativos sem número. Porém, do que mais sinto falta é de uma resposta exata para a seguinte indagação: quanto tempo dor; quanto tempo mais para cumprires com o teu labor?

Carolina Braga, 27 de mar de 09.

quinta-feira, 26 de março de 2009

O que é o amor


Quando eu era criança eu pensava que o amor era dizer eu te amo. E que todo mundo que o fazia era verdadeiro, e como tal, cada uma dessas três palavrinhas era convite para poesia. Eu fui crescendo e descobrindo que as coisas não eram assim tão simples e pueris. E que não são as palavras que oferecem legitimidade ao sentimento, mas o contrário. Aprendi que nem sempre as pessoas são genuínas no que dizem e que há muitas outras que privam os que lhe cercam do que elas possuem de melhor. Cada qual adota para si um estilo de vida que, no final das contas, é baseado em sua crença sobre o amor. Há algum tempo que já não sou mais aquela criança, porém algo dela para sempre em mim ficou. Até hoje levo comigo a certeza de que esse sentimento é o que há no mundo de mais sagrado e o melhor que pode existir em cada um de nós. Já deixei de ofertá-lo a quem merecia; bem como já o ofertei a quem o banalizou. Cheguei até a guardá-lo somente em meu peito com receio de torná-lo algo ordinário. E foi quando eu entendi, enfim, que só aprendemos o que é o amor quando nos permitirmos amar, e isso implica nos doar. E porque não dizer também, nos conceder o direito de errar.

Carolina Braga
* Ontem *

sábado, 14 de março de 2009

Questão da vez


Eu vejo você aí pedindo a minha mão e eu sem saber como te guiar através dessa escuridão. Você parece tão inofensivo, e eu me sinto ainda mais frágil e impura diante de tanta doçura e boa vontade com tudo. Quem sabe você não pode me ensinar a caminhar [?]. É que eu tenho o mau hábito de viver a dar topadas. Qualquer pedrinha no meu caminho é o bastante para uma nova cilada. Porém, eu nunca caio. Paro e olho para trás como que dizendo para o entrave da vez: ‘Viu? Nem me derrubou. ’ Só falto fazer careta. É ridículo, eu sei. Mas me deixa ser só um pouco menina, também. Não me furta o direito a essa [e]terna infantilidade. Tá, tá. Eu prometo que seguro forte a tua mão; mas promete me ajudar nessa questão? Qual?! A das topadas, cabeção! Aposto que já tinha esquecido, não é? Você sempre foi assim esquecido, eu que sou a que nunca esqueço de nada. Principalmente daquilo que nem era pra ter sequer existido. Não, não falo das pedrinhas, me refiro àqueles que a depositaram motivados por uma mórbida diversão.

Carolina Braga
[ Há pouco... ]
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PS: Ouvindo 'Broken' - Norah Jones. ;]

quarta-feira, 11 de março de 2009

Muito barulho por nada


Nos últimos dias meus pensamentos resolveram falar mais baixo, como se não quisessem competir nem mesmo com o barulho de um vento mais forte. Tomaram por resolução só se manifestar diante do mais absoluto silêncio e eu que ando precisando me reconciliar com eles tenho sofrido de uma aversão involuntária ao mundo que me cerca. Barulho. Barulho. Barulho. Até redigir a palavra em questão me causa certa perturbação
O telefone toca. Passos no corredor. Vozes do lado de fora da casa. É o mundo dando sinais de sua existência estranha e eu me curvando a todo custo de ser mais uma mera figurante desse espetáculo, do qual, eu nunca comprei, nunca acreditei. Essa sou eu me negando a aceitar qualquer convite para uma mórbida diversão. Essa sou eu não aceitando fazer parte daquilo que não possui comigo qualquer conexão. É da minha natureza. Sempre fui assim voluntariosa, do contra como diriam alguns. Por que é assim que eu sinto a vida: com integridade e autenticidade. Não considero justo nem comigo nem com ela brincar de representar um papel a fim de servir exclusivamente de entretenimento alheio – para esse tipo de infantilidade eu jamais fui criança. Há as exceções é claro e elas existem simplesmente para tornar ainda mais legítima essa postura que de tão minha anda de mãos dadas até com a minha sombra.
Há alguns dias vivenciei um desses momentos exceção, caso que de tão isolado parece ter se passado em outra dimensão, com uma pessoa que definitivamente não era eu. Mas arrependimento pra quê quando retroceder implica apenas sofrer (?).
É preciso ter coragem para viver a vida de fato, meu caro. Ninguém jamais nos disse que seria fácil. Porém, quem sabe concebê-la com o mínimo de verdade não nos facilite o trabalho. (Quem sabe...).

Carolina Braga, 09 de mar de 09.