domingo, 20 de setembro de 2015

Desapego

Eu sempre curti bastante a filosofia budista. E esses dias me veio à cabeça uma palavra-chave naquilo que compreendo ser para o Budismo uma ferramenta importante no alcance da felicidade: desapego.
Como colocar isso em prática num mundo repleto de tantos apegos materiais? Como nesse mesmo mundo desapegar inclusive de coisas imateriais como ideias? Porque por vezes, o que existe é simplesmente isso: um apego exacerbado e irracional à uma ideia.
Quem de nós nunca sofreu um processo doloroso de vida por não querer se desvencilhar da ideia que concebeu sobre alguém ou algo e que nada comunica com a realidade dessa pessoa ou situação? Na verdade, há quem escolha viver o sofrimento dessa ilusão a vida inteira.
A ilusão sempre trará repetições de sofrimentos, pois a realidade não está aí para nos agradar ou atender às nossas expectativas e devaneios, mas para ser pura e somente quem é.
Esperar que uma pessoa se torne alguém que não possui essência para vir a ser é como esperar o Papai Noel cair pela chaminé e se frustrar ao lembrar que ele é uma fantasia e que em sua casa nem há uma chaminé.
Sei o quanto pode ser difícil admitir que estávamos errados e sozinhos em boa parte do caminho. Sei o quanto isso pode ser apenas medo de encarar o novo. Sei o quanto isso pode ser, de repente, apenas um ego machucado por si mesmo. Sei o quanto podemos prolongar um sofrimento por algo que nem acreditamos. Sim, eu sei. Já vivi isso.
Então, no geral a questão não é o outro. Não é a nossa mãe, o nosso irmão, ou o nosso cônjuge. A questão somos nós e nosso ego. Nosso ego apegado, nosso ego infantil. Criança que vive de ilusão. Criança que é incapacitada de diferir o ontem do amanhã. Criança que possui dificuldade de separar sonho de realidade. Que tal escolhermos crescer? Que tal escolhermos deixar as ilusões caírem por terra e construir com os elementos que a realidade tem uma vida feliz e libertadora?

Me fiz essas perguntas há um tempo e só quando disse sim a todas essas perguntas que encontrei a paz jamais experimentada.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

O verdadeiro milagre

Até bem pouco tempo eu acreditava que as pessoas podiam mudar. Como em um milagre divino se transformarem da água para o vinho. Mas ocorre que em nenhum processo da natureza um elemento se transforma em algo que ele não possua essência e substância para esse evento. Logo, nos transformamos apenas e sempre naquilo que somos. Naquilo que por falta de autoconhecimento nem mesmo nos dávamos conta de que possuíamos. Naquilo que, de repente, já vislumbramos em algum momento sem acreditar que poderíamos chegar lá. É tolice e completa falta de tempo esperar do outro algo que ele não tem para dar e nunca terá. Nem é culpa do sujeito, é apenas a sua natureza, e esta pode ser no máximo melhorada, mas jamais alterada em sua essência. Já ocorreu comigo circunstância em que um ser humano pediu por assim dizer para voltar para a minha vida, alegando ter mudado etc. Balela. A gentileza foi embora rapidinho dando espaço para o velho desequilíbrio e garoto mimado e egoísta de todo o tempo. Pois não somos também simplesmente o que fazemos, mas o que fazemos de maneira contínua e a qualidade de nossa ação. Qualquer pessoa pode ter a melhor das atitudes temporariamente a fim de conquistar uma confiança ou coisa do gênero. Hoje me dou conta do quanto de fato é preciso estar de olhos abertos à nossa volta, inclusive para nos enxergar com maior clareza e até sinceridade. Vejo o quanto minhas relações íntimas falam de mim. E de certo, isso não ocorre apenas comigo. O antigo aforismo “diga-me com quem andas que te direis quem tu és” pode dizer mais de nós mesmos do que possamos imaginar. Há pessoas que me são extremamente queridas e das quais possuo grandes diferenças nos aspectos do pensar e agir. Porém, aquelas que me são mais próximas, essas certamente a despeito das diferentes criações e histórias de vida, possuo em comum alguns significados e valores importantes. Significados, por exemplo, para as palavras respeito, amizade, amor. Aqueles que nos são mais próximos serão sempre um espelho para quem somos, por mais que escolhamos não olhar para ele. 

terça-feira, 21 de julho de 2015

Estar em paz

Estar em paz.
Estar em paz é estar onde se quer, com quem se quer e como.
Estar em paz é ter mais misericórdia no coração do que julgamento no pensamento.
Estar em paz é poder confiar.
Estar em paz é perdoar.
Estar em paz é poder seguir sem precisar se trair.
Estar em paz é gostar de estar só e casar consigo, deixando espaço para um inquilino.
Estar espaço é estar aberto ao novo e ser feliz com o velho.
Estar em paz é não sentir necessidade de justificativas.
Estar em paz é não compreender a atitude alheia e não criar expectativas de mudança.
Estar em paz é não somar erros, mas construir novos caminhos com as diferenças.
Estar em paz é buscar novos caminhos de encontro.
Estar em paz é ter sabedoria para se enxergar e humildade para se reconhecer.
Estar em paz é ser quem é, buscar quem é e não desistir de quem é.
Estar em paz é viver esse processo com tranquilidade, esperança e amor.
Estar em paz, é estar em si com amor.


domingo, 12 de julho de 2015

A potência de gestar

Nove meses. Esse é o tempo que a vida pede para formar e ser concebida. Às vezes, ela é mais veloz tamanha a vontade de vir a ser. Em nove meses muitas coisas podem ser gestadas, incluindo uma nova vida que não gera outro ser material, mas um novo indivíduo espiritual. Possivelmente uma pessoa que já ansiava pelo seu nascimento, mas que precisou de novos elementos para viabilizar esse surgimento. Em nove meses pode nascer em nós uma nova pessoa, mais parecida com quem somos em essência. Em nove meses pode nascer, crescer e ir para o mundo o perdão, aquele mesmo que precisamos oferecer sem mesmo ter sido solicitado pela parte causadora das ofensas e mágoas. Em nove meses podemos conhecer outros significados mais reais para as palavras já conhecidas. Em nove meses a vida pode dar uma volta daquelas, que a princípio nos deixa tontos, mas que depois quando ela para, você simplesmente não consegue parar de sorrir e agradecer por sua sabedoria infinita e pelo lugar em que está agora. Em nove meses pode ser gerada uma consciência mais limpa e tranquila de quem se é e daquilo que não deseja para si, principalmente. Em nove meses pode nascer um amor ainda maior do que aquele que acreditava conhecer. Em nove meses você pode aprender mais sobre o que há muito era necessário saber a respeito das coisas que genuinamente lhe pertencem. Em nove meses você pode aprender a acepção mais verdadeira da palavra lar e que muitas casas materiais jamais serão espaço para um. E que, sobretudo, você precisa ser a sua própria casa, onde quer que esteja, para poder estar sempre em contato consigo, para poder se levar por onde quer que vá. Em nove meses podemos caminhar durante um bom tempo sem saber para onde estamos indo, mas algumas boas escolhas do passado podem nos conduzir misteriosamente ao lugar que nos proporcionará a vista onde o sol até parece nascer, de tão pleno e reluzente. Em nove meses, ah... em nove meses, podemos nascer de novo. Literalmente.

domingo, 7 de junho de 2015

He For She, por todos nós

Estava há pouco assistindo o discurso da atriz Emma Watson no lançamento da campanha He for She, campanha da ONU motivada pelo interesse de fomentar um chamamento para a igualdade dos gêneros. Sim, chamamento. Pois trata-se de uma campanha que convida a todos nós assumirmos nosso papel na sociedade de maneira igualitária, na promoção da equidade. De maneira simplória, real e objetiva: através de nossa postura quanto a nós mesmos e ao outro, ou outra. Watson destaca um ponto pertinente e louvável quando relata que não são somente as mulheres que perdem com a desigualdade de gêneros, mas os homens também. Perdem sua sensibilidade, por vezes a sanidade e em casos extremos a própria vida, por se verem forçados culturalmente a assumir o papel de fortes e absolutos. Essa tal força geralmente implica em dor para suas filhas e parceiras, senão física, emocional e psicológica. E não há como negar que a dor emocional e psíquica se concebe igualmente como física. Não há como declinar do fato de que nosso silêncio pode justamente ser a escolha que fazemos em prol de algo que podemos até dizer que não concordamos, mas que estamos a promover. Não há como ocultar que muitas mulheres estão diariamente a trabalhar pela promoção de valores que as desvalorizam em sua condição inclusive humana. Os fatos só nos determinam se não nos apropriamos de nossa vida e escolhemos nós mesmos determinarmos os fatos. Podemos a todo momento partejar uma nova vida, mais repleta de seu significado genuíno e, consequentemente, partejar, porque não, a nós mesmos. Não podemos mudar o passado, mas não é lá que estamos. O presente é tudo o que temos, cabe a nós fazermos ou não dele algo verdadeiramente importante. Para nós, para todos. Para hoje e depois de nós.

sábado, 23 de maio de 2015

Pensamento de criança (?)

Há alguns dias conversando com um primo sobre a famosa Lei de Gerson, corrupção em órgãos públicos e situações do cotidiano, ouvi do mesmo que eu tinha pensamento de criança, onde somos ensinados a fazer as coisas da maneira certa. Confesso que não foi uma surpresa para mim ouvir esta pérola. A conversa iniciou motivada pelo desejo que este afirma nutrir de fazer prova para concurso público e de como iria proceder em sua atividade. Endossou que, segundo suas palavras, não iria prejudicar ninguém, mas que “se pudesse levar o seu, iria fazê-lo”.
Acho curioso como funciona essa coisa da cultura. Como pelo fato de termos recebido uma educação e termos nascido em uma localidade podemos pensar e agir. Essas circunstâncias não são determinantes, creio eu. Dependendo de nosso caráter elas podem servir inclusive de incentivo para uma prática contrária.
Costumeiramente estamos a criticar políticos por ações de corrupção e falta de idoneidade, enquanto que muitas vezes não nos damos conta de que em nossa vida pode estar faltando uma dose considerável de algo chamado ética. Ser ético é não furar a fila; ser ético é ser justo a despeito de quem essa justiça favoreça; ser ético é ser responsável com as coisas que dizemos e fazemos.
Do que adianta eu ser uma educadora e agir com total falta de respeito e gentileza com aqueles que me relaciono? Do que adianta eu ser uma teórica e não ter uma vida de exercício constante de amadurecimento e evolução? Do que adianta eu analisar meticulosamente os defeitos alheios e não ter a coragem de enxergar o que precisa ser urgentemente mudado em mim?
Podemos viver como avestruzes e fingir que não é conosco. Podemos seguir olhando para o lado e nos deixando de lado. Podemos fazer qualquer escolha que seja, porém, não será qualquer escolha que irá nos conduzir num caminho de realização individual e numa estrada de construção para uma vida social mais digna e feliz. Podemos desistir. Podemos nem tentar. Podemos tudo. Inclusive nada. Isso é a vida: escolhas.


domingo, 17 de maio de 2015

Gratidão, sim

Gratidão. Sempre considerei esta uma palavra essencial para o exercício da vida. E eu sempre fui uma pessoa grata pela minha vida. Em contrapartida, também uma reclamona como a maioria das pessoas. Intercalações de “obrigada” e “porquê?” versavam com facilidade em minha fala. É difícil encontrar o equilíbrio e não se render a influências que nos cercam e não permitir que certos fatos determinem quem somos. É difícil, não impossível. Poderia continuar me justificando e elencando motivos para legitimar o porquê do caminho que estava trilhando - sempre há justificativas, mesmo que elas não sejam exatamente uma maneira honesta de se viver. Mas simplesmente me dei conta de que perdi tempo demais com justificativas para estas falas e outras, enquanto que minha vida merecia mais inteireza e boniteza. A cada palavra negativa que proferimos gastamos um pouco da emoção que poderia ser dispensada em fé, esperança e amor. Às vezes é de fato bastante difícil ouvir tantos “nãos” à bondade e outras práticas de delicadeza, porém, propagar esse sentimento é perder a oportunidade de dizer “sim” à nós mesmos. Me dei conta de que hoje não tenho nenhuma espécie de lamentação ou contestação a fazer. Estou no lugar que deveria estar e sou agora a pessoa que deveria ser. Sim, isso é gratidão.

Carolina Braga
17 de mai. de 15.

domingo, 19 de abril de 2015

Sobre família

Certa vez estava conversando com uma amiga sobre o dia do amigo e ela comentou que iria comemorá-lo com seu melhor amigo: seu namorado (hoje marido). Porém, comumente observo as pessoas falarem e tratarem seus cônjuges e cônjuges alheios como seres estranhos, ou simples agregados. Eles não são encaixados na categoria família, nem amigos. Talvez por isso seja tão simples e justificável a separação. Ué, não é meu amigo nem meu familiar, então posso simplesmente mandar a pessoa pastar sem maiores explicações.
Pergunto-me se as gerações anteriores tivessem pensado e agido da mesma maneira, se teríamos nós mesmos vivido dentro do que chamamos de família. Creio que não.
Definitivamente, não dá também para bancar uma relação com alguém que não sinta e pense certas coisas de um modo, no mínimo, semelhante. É gastar a emoção à toa e perder de vista outras possibilidades.

Em dias de justificativas sem-número para tanta falta de educação para com os nossos e falta de respeito para com geral, não se sujeitar à uma relação que te diminua já é uma mão na roda que faz o seu mundo girar e novas coisas acontecerem.

sábado, 18 de abril de 2015

Sobre o tempo...

Dizem que o tempo nos dá coisas, que ele nos faz amadurecer e que é um milagroso remédio para as feridas abertas no caminho.
Eu particularmente não acredito em nada disso. O tempo não nos dá coisa alguma, a não ser cabelos brancos e alguns quilos. O que ganhamos ao longo do caminho se deve às nossas escolhas assertivas tomadas no decorrer dos acontecimentos. Não importa o que nos aconteça, há sempre a possibilidade de escolher o bom e alimentar nossa vida disso. Sim, eu já fiz isso algumas centenas de vezes.
A prova de que o tempo por si só não traz amadurecimento a quem que seja pode ser facilmente comprovada, basta darmos uma boa olhada à nossa volta - e uma demorada e sincera passagem de olhos por dentro, em situações que escolhemos nos comportar como rebeldes sem causa ou crianças mimadas e perdemos a oportunidade de assumir a responsabilidade de nossos atos e autonomia de nossa vida.
O tempo não é nenhuma panaceia. Não é algo como aquele remédio que a nossa mãe nos receitava para todo e qualquer mal. O que cura nossas feridas é o amor e o respeito à quem somos, aos nossos sonhos, limites, sentimentos, essência. É também a escolha por modos de vida mais saudáveis, e isso inclui hábitos e pessoas. Escolhas não saudáveis sempre implicarão em resultados insalubres.
O imprevisto nos toca a todo momento. A vida daqueles que escolhemos para estar por perto também. Boas escolhas. Isso sim nos traz muito; quiçá, um novo mundo.


sábado, 4 de abril de 2015

Meu processo de ser gente

            A cada dia em meu processo de ser pessoa me dou conta do quanto é difícil ser gente de verdade, como costuma dizer o filósofo e cristão Fábio de Melo. Se pertencer, ser livre e experienciar o amor de Deus em tempos de valores tão rasteiros e relações tão superficiais e frágeis, revela-se constantemente como um desafio à nossa fé.
            Falamos tanto em amor e estamos frequentemente a praticar atos de covardia que professam o contrário. Falamos tanto em liberdade e nos prendemos demasiadamente aos julgamentos alheios e às superficialidades infinitas que nos afastam de quem somos de fato.
Não é fácil sobressair-se e não afundar em toda essa lama. Não é fácil porque às vezes as relações que possuímos e que deveriam ser justamente aquelas a nos devolver e nos promover, são exatamente aquelas que mais nos roubam e nos impedem de viver a nossa essência mais pura e verdadeira.
Se não tomamos cuidado, aqueles que mais amamos podem se tornar nossos maiores algozes – e o contrário também. Se não ficamos atentos, na intenção de ajudar podemos junto nos afundar. Se não nos afastamos um pouco vez ou outra, podemos em algum momento acabar cumprindo o papel de bode expiatório na vida daqueles que não capazes de assumir a responsabilidade de seus atos e nem de reconhecer a responsabilidade dos atos daqueles que ama. Se nos perdemos de vista, podemos chegar ao ponto de nos desculpar pelo tapa que recebemos, não por uma prática cristã, mas por termos vestido a carapuça de carregar as culpas e erros todos, como se isso fosse nobreza, ou mesmo amor.
Às vezes o tapa nem é de maldade. Às vezes o que excede é apenas a imaturidade para amar e viver a legitimidade do que sente e do que é. Porém, cada ser humano possui o seu processo, as suas escolhas, o seu tempo. Existem maridos que nunca amarão de maneira genuína suas esposas; existem mães que nunca serão capazes de promover a liberdade de seus filhos; existem pessoas que não são amigas nem de si e por isso são incapazes de estabelecer uma relação de amizade com quem quer que seja.
Esperar de alguém algo que essa pessoa não tem pra oferecer é um caminho curto e fácil para a decepção. Ser gente de verdade implica também em ser capaz de identificar situações e pessoas que estão obstaculizando porventura nosso processo de libertação e de dizer “não” à elas, sejam elas quem forem.

Não é fácil. Mas sem dúvida, pra mim este é o único caminho que vale a pena ser percorrido. Sei que a caminhada será por vezes solitária, mas como diz o ditado: melhor só do que mal acompanhado.

domingo, 22 de março de 2015

Quando vale a pena...

Vale a pena quando existe respeito e gentileza.
Vale a pena quando não somos a última escolha, ou um meio para se conseguir algo.
Vale a pena quando existe generosidade para se dividir as responsabilidades.
Vale a pena quando as ações conversam com as palavras.
Vale a pena quando o desejo de reencontro é maior que a comodidade de desistir.
Vale a pena quando o sentimento é maior que a conveniência e a hipocrisia generalizada.
Vale a pena quando existe empenho na caminhada.
Vale a pena quando de mãos dadas é feita a escolha de crescer junto e se tornar pessoa de verdade.
Vale a pena quando o egoísmo e o orgulho não se tornam gigantes cruéis utilizando as alcunhas de individualidade e liberdade.
Vale a pena quando existe a coragem de querer ser livre de verdade.
Vale a pena quando a humildade dá espaço pro amor entrar e ficar.
Vale a pena quando somos capazes de perdoar o outro com a mesma facilidade com que nos perdoamos.
Vale a pena quando estamos dispostos a recomeçar sempre.
Vale a pena quando não perdemos de vista aquele olhar primeiro, aquele mesmo que nos devolveu como nenhum outro.
Vale a pena quando existe gratidão sincera.


Vale a pena quando é amor. E, sobretudo, quando permitimos que seja amor.

Da próxima vez...

Da próxima vez farei melhor.
Da próxima vez não darei um passo sequer sozinha.
Da próxima vez lembrarei de ser primeiramente generosa comigo.
Da próxima vez não serei presunçosa em achar que sei mais do que os outros.
Da próxima vez acreditarei mais nas atitudes do que nas palavras.
Da próxima vez não justificarei o injustificável.
Da próxima vez não pularei etapas.
Da próxima vez serei mais honesta comigo mesma.
Da próxima vez serei mais justa.
Da próxima vez não será como esta.

Da próxima vez, se houver, será incrível.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Perdoe

- Perdoe; disse-lhe alguém que admirava.
- Perdoe-se; disse-lhe alguém que amava.
- Siga em frente; disse-lhe uma amiga forte e corajosa que um dia precisou seguir para tão longe, sozinha.
Ouviu essas e muitas outras coisas. Não fez promessas. Não fez registros. Decidiu que só voltaria a escrever quando tivesse voltado a ser a dona de sua história. Quando estivesse pronta para escrever um presente sem resquícios do passado que lhe assombrava. Sem ressentimentos, sem mágoas, sem questionamentos, sem desejos vãos.

As palavras assumiram um novo significado. O silêncio também. Silêncio de paz.

sábado, 24 de janeiro de 2015

A extinção do eu

Temos vivido tempos em que se fala da extinção da família. Parece algo um tanto quanto sensacionalista essa fala, mas andei refletindo a respeito e vi o quanto isso significa uma das questões centrais de nossos tempos.
         Vivemos em um século onde homens e mulheres de 30 e 40 anos se comportam tal qual adolescentes infantilizados, incapazes de sair da barriga de suas mães e viver no mundo lá fora. Com as responsabilidades e atitudes próprias de um adulto. Oras, se temos tido dificuldade de bancar nossa própria vida, como poderemos pensar em bancar a vida com outra pessoa e/ou a de outro ser-humano?
          E não estou falando nem em aspectos financeiros. Conheço muita gente que paga seu apartamento, tem seu carro e no entanto, vive ainda condicionado, não sob influência o que é natural, mas condicionado à opinião maternal ou até mesmo de outros para a condução de sua vida.
Engraçado, nossos pais e avós são aqueles que melhor honraram seus pais, como dificilmente fazemos nos dias de hoje, porém, isso não os impediram de construir sua própria família e seguir em frente como deve ser o destino de todos nós.
Atualmente o maior empecilho para construir uma família com alguém não tem sido encontrar uma pessoa financeiramente estável, mas alguém disposto a ser capaz de sair do comodismo do vente que foi gerado para gerar uma nova vida: adulta. Talvez esse seja mais do que o século da extinção da família, mas da extinção do eu.