sábado, 23 de maio de 2015

Pensamento de criança (?)

Há alguns dias conversando com um primo sobre a famosa Lei de Gerson, corrupção em órgãos públicos e situações do cotidiano, ouvi do mesmo que eu tinha pensamento de criança, onde somos ensinados a fazer as coisas da maneira certa. Confesso que não foi uma surpresa para mim ouvir esta pérola. A conversa iniciou motivada pelo desejo que este afirma nutrir de fazer prova para concurso público e de como iria proceder em sua atividade. Endossou que, segundo suas palavras, não iria prejudicar ninguém, mas que “se pudesse levar o seu, iria fazê-lo”.
Acho curioso como funciona essa coisa da cultura. Como pelo fato de termos recebido uma educação e termos nascido em uma localidade podemos pensar e agir. Essas circunstâncias não são determinantes, creio eu. Dependendo de nosso caráter elas podem servir inclusive de incentivo para uma prática contrária.
Costumeiramente estamos a criticar políticos por ações de corrupção e falta de idoneidade, enquanto que muitas vezes não nos damos conta de que em nossa vida pode estar faltando uma dose considerável de algo chamado ética. Ser ético é não furar a fila; ser ético é ser justo a despeito de quem essa justiça favoreça; ser ético é ser responsável com as coisas que dizemos e fazemos.
Do que adianta eu ser uma educadora e agir com total falta de respeito e gentileza com aqueles que me relaciono? Do que adianta eu ser uma teórica e não ter uma vida de exercício constante de amadurecimento e evolução? Do que adianta eu analisar meticulosamente os defeitos alheios e não ter a coragem de enxergar o que precisa ser urgentemente mudado em mim?
Podemos viver como avestruzes e fingir que não é conosco. Podemos seguir olhando para o lado e nos deixando de lado. Podemos fazer qualquer escolha que seja, porém, não será qualquer escolha que irá nos conduzir num caminho de realização individual e numa estrada de construção para uma vida social mais digna e feliz. Podemos desistir. Podemos nem tentar. Podemos tudo. Inclusive nada. Isso é a vida: escolhas.


domingo, 17 de maio de 2015

Gratidão, sim

Gratidão. Sempre considerei esta uma palavra essencial para o exercício da vida. E eu sempre fui uma pessoa grata pela minha vida. Em contrapartida, também uma reclamona como a maioria das pessoas. Intercalações de “obrigada” e “porquê?” versavam com facilidade em minha fala. É difícil encontrar o equilíbrio e não se render a influências que nos cercam e não permitir que certos fatos determinem quem somos. É difícil, não impossível. Poderia continuar me justificando e elencando motivos para legitimar o porquê do caminho que estava trilhando - sempre há justificativas, mesmo que elas não sejam exatamente uma maneira honesta de se viver. Mas simplesmente me dei conta de que perdi tempo demais com justificativas para estas falas e outras, enquanto que minha vida merecia mais inteireza e boniteza. A cada palavra negativa que proferimos gastamos um pouco da emoção que poderia ser dispensada em fé, esperança e amor. Às vezes é de fato bastante difícil ouvir tantos “nãos” à bondade e outras práticas de delicadeza, porém, propagar esse sentimento é perder a oportunidade de dizer “sim” à nós mesmos. Me dei conta de que hoje não tenho nenhuma espécie de lamentação ou contestação a fazer. Estou no lugar que deveria estar e sou agora a pessoa que deveria ser. Sim, isso é gratidão.

Carolina Braga
17 de mai. de 15.