domingo, 7 de dezembro de 2014

Eu e o homem moderno


Recomeço. Palavra bonita que pede passagem para uma nova vida, com desejos diferentes. No meu caso, com velhos desejos que vestem apenas uma roupa mais bonita e trabalhada.
Os meus desejos são primariamente os mesmos, com a distinção de que agora mais do que nunca não estou disposta a abrir mão deles. Não se deve abrir mão daquilo que em essência te significa, sob risco de a vida perder muito do seu sentido.
Meus desejos em si se referem às coisas que não estão na moda: cultivar riquezas imateriais; investir mais em qualidade que em quantidade; Ser de fato; viver com verdade; construir um lar sólido; estar com alguém que acredite em relações de uma vida.
Essas coisas todas hoje são consideradas démodé, brega para ser mais exata. Pessoas são tratadas como descartáveis ou um utensílio de qualquer ordem com prazo de validade e por alguma razão existe uma queixa geral acerca da solidão. Eu aprecio demais a solidão. A escolhida, a temporária. Definitivamente não fomos criados para ser sós. Hoje tenho convicção disso. Se nossa companhia será um cônjuge, um filho, um amigo, não importa, mas de fato não somos completos vivendo a vida inteira sozinhos.
Nessa selva de pedra é cada um por si, enquanto que na selva originária para sobreviver sempre foi princípio básico estar em bandos. Se hoje não há mais animais predadores dos quais precisamos nos defender, há uma nova espécie de quem precisamos nos proteger: o homem moderno. Esse homem moderno se refere a uma espécie esquisita que usa o outro como degrau, como trampolim, como subterfúgio, como experiência. Como coisa mesmo. O homem moderno diz que ama, mas não ama.
Certa vez uma amiga me disse que ainda não tinha decidido se eu era moderna demais para este tempo, ou se este tempo que era moderno demais para mim. Confesso que também ainda não decidi. Mas sobre algo eu não tenho dúvida: não me renderei à vulgaridade, à mentira nem à desesperança. Essa sou eu.


sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Ela

A vida é de fato um eterno mistério. Indomável e imprevisível como um animal selvagem que age por puro instinto de sobrevivência. Você pensa que a domou e ela de repente vem com uma face do tipo: “Você não viu nada.” E ficamos atônitos e indefesos como um bebê que acabou de sair do ventre. Forçados a um renascimento para poder voltar a viver de verdade.
Crescer dói. Renascer é uma das coisas mais bonitas e doloridas que já se teve notícia. Mais isso tudo faz parte desse mistério; dessa beleza maior, infinita. Não adianta tentar lutar contra, será inútil. O melhor é fazer as pazes consigo e com ela. É convidá-la para um almoço de cessar-fogo, uma sobremesa com bandeira branca pendurada na janela. E que permaneçam abertas as janelas, para tudo o que houver de bom e verdadeiro.
Recomeços são possíveis, acredite. Se os dias de trovão assustaram demasiado o seu coração, não perca de vista a estrela-maior, o sol, a luz que é criação de Deus e que sempre irá aparecer nos momentos certos. Deixe ir o que tiver que ir. O que for presente e vontade Dele permanecerá. Tudo irá fazer sentido. E você será ainda mais rico.

Não se entregue às desculpas e às mágoas. Viva de acordo com a sua verdade e aquilo que acredita. Não julgue aqueles que não foram fortes o bastante para honrar o que há de sagrado em seu coração. Não julgue, simplesmente. Não espere. A vida é agora. Seja honrado, digno, bondoso e leal. A paz será o teu escudo. Noites tranquilas serão a tua recompensa.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Família, a primeira e a minha

Família. Eis um assunto deveras delicado. Exige sensibilidade, alguns sapos a engolir e um respiro vez ou outra.
Há vários tipos de família e uma particularidade comum à todas: nenhuma delas é perfeita. Composta de seres distintos e com defeitos e características únicas, faz-se necessário a prática difícil da tolerância diária e do enxergar claro. De saber quando se afastar para não perder a sua própria identidade e poder viver a sua própria vida. Freud já falava sobre isso.
Tenho gratidão infinita à minha mãe, aquela pessoa primeira que me amou. Mas sei que ela não pode preencher todos os espaços que há em mim e que assim como ela um dia o fez, eu também preciso construir a minha própria família, escrever a minha própria história e fazer o meu próprio álbum.
Família. Que bonito é quando se faz possível que famílias se deem as mãos em prol da felicidade de seus filhos e filhos de seus filhos. Que feliz é quando a felicidade de um se faz sorriso para todos.
Há quem nem meu sangue tem e me significa enormemente. Há com quem possuo similaridades genéticas e nenhum sentimento profundo ou superficial. Família, eu quero a minha. A minha família. A minha história. O meu álbum. E que minha mãe possa abençoá-la. E se não, ela continuará a ser quem é e eu seguirei o meu caminho. 

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

A ansiedade e seu trato com o tempo

Ansiedade. Mais que uma emoção, uma maneira de ser. Essa sempre me foi condição biológica mesmo. E nos últimos tempos me revelou o quanto ela pode ser nociva, por atropelar não só a mim, mas a pessoas que amo. Em especial, à quem mais amo, à quem mais está perto.
Essa tal ansiedade andou não permitindo que o outro vivesse seu tempo de ver e viver certas coisas. Essa ansiedade fez até com que quem me conhece passasse a duvidar de minha essência, de meus sentimentos e princípios básicos. Isso dói... Mas tenho consciência do quanto fiz doer também.
A ansiedade ela é precipitada. Por querer que o outro veja logo o que você vê (ou acredita ver) ela pode até cegar; por querer que o outro entenda coisas que somente você viveu, ela age como se subestimasse a inteligência até mesmo de quem você possui demasiada admiração.
Essa ansiedade que me fez perder tantos momentos nesses últimos meses, é a mesma que desejo agora que cumpra a função de ser paciente. Como? Como esperar quando o desejo é estar junto? Como cuidar quando se está ferida pela desconfiança do que existe de mais essencial em você? Tempo...
Tempo, te peço que venha trazer claridade sobre todas as coisas que hoje estão nebulosas. Venho te pedir cura para todos os males, para todas as dúvidas vãs e sem sentido. Não minhas. Mas que tomei para mim porque quero junto quem hoje duvida.
Que essa ansiedade que já me moveu para tantas coisas boas, hoje deixe de me fazer perder e me permita voltar a ser leve e livre. E fazer leve e livre. Não como antes. Mais e melhor do que antes. Porque é assim que se segue em frente: buscando o melhor sempre.
Não quero o passado, sr. Tempo. Quero um presente dadivoso. Quero terminar o dia bem. Porque hoje é isso que sinto que devo e posso fazer: dar um passo por dia. Sei que isto é o que poderá me levar longe, onde tanto sonhei e desejei. Para onde tanto continuo sonhando e desejando ir. Tempo, ensina-me a seguir...