quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Ressalva




Já faz algum tempo que pensava em fazer aqui um adendo que pode até soar como uma obviedade, - ou não -, mas que diante das circunstâncias atuais, ou melhor, dos dias atuais, e do respeito que tenho pelas pessoas que possam por ventura ler o que aqui escrevo, gostaria de ressaltar que esses pequenos textos são apenas crônicas, que falam sim um pouco de mim, como falam um pouco de outros, mas que as coisas não acontecem exatamente nessa mesma ordem e às vezes os outros se classificam assim mesmo: no plural. Tendo em vista isso, posso falar de mim, de outra pessoa e existir ainda um terceiro elemento que pro segundo não existe qualquer relação. Sinto-me sinceramente um pouco enfada em tentar explicar as motivações do que aqui registro, mesmo por que, por vezes essas motivações são apenas ilustrativas. Me pego admirada com a ironia da vida e esse espanto me dá a ciência do quanto as palavras, vez ou outra, - assim como todo o resto - podem tomar a forma que bem quiserem e até mesmo fugir ao nosso controle. Já escrevi aqui sobre meu sentimento em relação a minha avó e houve quem o interpretasse como uma carta de uma mulher apaixonada a um homem ingrato. Muitas coisas parecem, há muito que fica a espreita, a essência pede um olhar demorado.

Carolina Braga, 26 de ago. de 10.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Só porque é triste o fim




Desde o início as coisas não foram fáceis para nós. Nossa relação sofria de uma espécie de falta de entendimento crônico. Não compreendia de onde ele advinha, nem por que existia, mas ele estava ali, sempre a nos espreitar de maneira às vezes pouco nociva e em outras, destrutiva. Talvez as coisas fossem diferentes se as circunstâncias fossem outras, - talvez não. Talvez isso não tenha tanta importância pra você agora, - como não tinha antes – eu não sei e nesse momento esse não saber dói bem menos e já não é mais busca premente pro que quer que seja. Acho que poucas coisas na vida, de fato, necessitam dessa tal de urgência. Ontem eu te disse: “Você é livre, se quiser: pode ir.” E você prontamente colocou sua mochila pouco pesada nas costas e partiu, sem nem olhar para trás. E então, finalmente eu entendi: esta foi uma história que você nunca quis verdadeiramente bancar e eu sou a companhia que você nunca desejou, de fato, ter.

Carolina Braga, 23 de ago. 10.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Uma pausa - para elas e para nós











Andei ensaiando te dizer as mesmas coisas de sempre em um tom diferente. Aconteceu que o tom não encontrei e assim, calei. Nesse silêncio me dei conta de que talvez essa fosse a única maneira de me fazer ser ouvida, e quem sabe, compreendida. Na verdade, nesse momento esse desejo já nem mais existia. Percebo claramente que a verborragia era só força do hábito. As palavras sempre foram a minha salvação e a minha perdição. Eu sei bem disso. Você também sabia. Mas o que fazer se sem elas eu me sentia tão solitária e até mesmo frágil? Elas eram a minha companhia mais fiel. Não, elas não me traíram e nem disseram “adeus” sem dar a menor explicação. Eu que resolvi dar uma folga à elas – à elas e ao meu coração.

Carolina Braga, 09 de ago. de 10.