quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

O amor segundo Eva



- Eva, eu gosto de você.
- Mas Adão, gostar a gente gosta de qualquer coisa.
- Então, o que você quer de mim?
- Nada. Definitivamente nada que você possa me dar. Essa sua própria pergunta já anula qualquer possibilidade de resposta.
- Como ficamos então?
- Não ficamos. Tendo em vista que eu não aprecio o que é incompleto, terminamos essa relação que jamais teve início e meio, mas que desde sempre esteve fadada ao fim.
- Não me dá nem o direito de tentar?
- Mas você tentou, Adão. E eu fui testemunha de seu esforço. Porém, não se tenta amar alguém, ou ama ou não ama e ponto. Como o céu que já nasceu pronto.
- Se eu pudesse escolher eu teria amado você.
- Pois eu não. As escolhas da razão jamais alcançam o coração. Mas... Se eu pudesse de fato escolher, não teria amado você.
- A quem teria amado, Eva?
- A mim, Adão. Eu teria amado a mim.

Carolina Braga
[ Hoje ]

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Amor e verdade


Estava eu a discutir mais cedo com uma amiga acerca de nossos últimos casos de amor e amores em geral. O subtítulo da conversa: ‘Homens (pessoas) que gostam (ou até amam), mas não possuem coragem, nobreza e desprendimento necessários para vivenciar esse sentimento. ’ Eu, particularmente, prefiro mil vezes não ser desejada, a ter o desejo não manifesto de alguém. E não falo de palavras, isso nada tem a ver com palavras. Falo de cheiro, atitude, zelo. Não há nada mais covarde e pequeno do que um amor enjaulado e amestrado. Sentimento pra mim só tem verdade quando é capaz de romper os muros - medos - que o delimitam. Quando possui capacidade de burlar todas as regras desse ilusório romantismo largamente divulgado. Para mim a medida de um sentimento é dosada pela entrega de quem o oferta. Sem isso, só o que resta são idéias, devaneios de algo que só se conhece quando se vive. Concreta e literalmente falando.

Carolina Braga
[Hoje]

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Força estranha


Tenho falado muito em serenidade ultimamente e descobri que assim como a felicidade, este é um estado de espírito que não deve ser declarado efusivamente, correndo sério risco de perdê-lo. Parece-me que o que nos faz bem, ao mesmo tempo assume a importância de nossa maior fragilidade. É como se tudo a nossa volta conspirasse em favor de nos furtar o bem d’alma, atestar sua veracidade. E você fica ali, empenhada a fim de manter o equilíbrio dessas duas forças: a de dentro e a de fora. A que me rege costuma ser a primeira, mas vez por outra, humana que sou displicentemente escancaro portas e janelas e me vejo invadida e roubada por um evento – ou criatura – do mundo que existe fora de mim. Eu tento expulsá-lo - nem sempre funciona. Eu tento conviver com ele – idem. E quando me vejo sem alternativas, resolvo sair eu mesma e declarar paz no mundo de fora também. Em geral, queimam minha bandeira e a minha crença se vê testada mais uma vez. Aí o que ocorre? Ocorre que eu nasci com uma estranha força que me impele a seguir pela estrada menos indicada, que me leva a tomar resoluções tidas como utópicas e fora do padrão. Ocorre que vez por outra há quem me estenda à mão. Não há como fugir, essas duas forças sempre irão existir. A sua escolha consiste pura e simplesmente em optar por aquela que lhe conduzirá aonde deseja estar.


Carolina Braga, 22 de jan. de 09.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Em paz


Houve momentos em que eu esqueci de ir embora. Momentos em que protelei ouvir a verdade que me era dita, tornando a partida ainda mais sofrida. Eu fingi que não era comigo e perdi mais de mim do que um dia poderia permitir. E você foi embora sem ao menos dizer adeus, levando consigo algo que jamais poderá mensurar. E a solidão passou a fazer de mim a sua morada, o vazio próprio dos corações que amam por dois. A solidão virou saudade. Lembrança distante. Então eu pude voltar e trilhar o caminho que existia antes de ti e que eu não vi. Foi justamente ele que me levou de volta pra mim. Aqui comigo, eu vivo em paz.

Carolina Braga, 04.01.09


sábado, 3 de janeiro de 2009

Chegou...!


Pois é, 2009 chegou e veio com tudo – pelo menos pra mim. Os problemas continuam sendo os mesmos e as soluções também. Continuo com praticamente os mesmos sonhos, anseios, idade. O que muda então? Em teoria nenhuma mágica se realiza no instante em que o novo ano se inicia. Bem, em teoria, porque pra mim ela se realizou e transformou muitas coisas, tornou idéias que já me perseguiam há algum tempo em ações práticas, em frutos maduros. Terá sido o banho de mar com roupa e tudo? Terá sido a oração aos céus? Terá sido o que disse ao ‘cara lá de cima’ no momento da virada? Enfim, isso eu não sei e nem preciso saber, mas parece que de alguma maneira Ele me ouviu e não só isso, resolveu fazer acontecer a mudança que tanto meu espírito ansiava. E eis que agora ele volta a estar em paz. E eis que agora os medos foram embora. E eis que agora eu percebo que não preciso nem da metade do que pensava para ser feliz. Posso perceber no silêncio um atrativo que antes eu não sentia e em mim um refúgio e um aconchego que agora eu sei, jamais poderei encontrar igual em outro ser. As perguntas não mudaram de lugar, simplesmente deixaram de existir.

Carolina Braga, 03 de jan de 09