quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Para mim


Passei a infância bebendo litros e mais litros de suco de manga. Era só vê-lo sobre a mesa que meu rosto se iluminava como se avistasse um pote de ouro, que me faria afortunada de um sabor que era único para mim. Hoje passo tranquilamente sem essa 8ª maravilha da minha infância, na verdade, passo de super bom grado. Não me apetece mais.
Costumava até poucos anos me intitular como uma chocólatra assumida. Não tinha vergonha do meu vício e não me privava de saciá-lo um dia sequer. Durante um período tive que por recomendação médica suspendê-lo por alguns meses. E, pois num é que a sua privação compulsória me libertou de sua dependência. Hoje em dia, até como, até gosto, mas vivo sem também.
Eu sempre pensei que nunca conseguiria tomar a decisão de dizer um adeus livre e sereno para alguém que eu amasse e que não estivesse morto ainda em matéria. Foram tantos os suicídios exclusivos para mim, tantas as ausências e tão numerosas as tentativas por parte de algumas pessoas de viver feito zumbi ao meu lado, que acabei aprendendo uma lição deveras importante: eu posso sim muito bem abrir mão da presença de alguém que amo, o que não posso mais é viver sem me amar antes de tudo e de toda e qualquer criatura. E esse verbo amar para mim inclui coisas que parecem não fazer parte do pacote para algumas pessoas, como por exemplo: respeito, gentileza, generosidade. E dessas coisas já não abro mão. Por nada nem por ninguém.
Tenho esquecido o telefone por aí no silencioso, não tenho mais me explicado e justificado como antes. Poucos têm sido meus interesses no que diz respeito ao mundo lá fora. Simplesmente porque a vida aqui dentro está mais intensa do que nunca. E eu, finalmente, encontrei um jeito de ser intensa sem ser autodestrutiva.

Carolina Braga, 21 de nov. de 12.

2 comentários:

Jéssica Trabuco disse...

Ótimo texto!
A verdade é que não dá para amar nada e nem ninguém se a gente não souber se amar primeiro.

António Je. Batalha disse...

Estou a visitar alguns blogs, e tive o privilégio de encontrar o seu, vi na pagina inicial o que escreveu, e como gostei folheei mais algumas páginas e fiquei maravilhado pelo que vi e li.
Dou-lhe os parabéns, mas queria deixar um apelo continue assim dando sempre o melhor, boas mensagens, bons temas. Gosto de escrever, mas também gosto de ler bons temas, por isso é que parei aqui.
Meu nome é: António Batalha.
Sou um servo de Deus,e deixo aqui a minha bênção,que haja paz,amor na sua vida, muita saúde e felicidade.
PS. Se desejar seguir meu blog faça-o de forma a que eu possa seguir o seu blog também.