domingo, 27 de janeiro de 2013

Santa Maria, meu coração roga por você

Ninguém sabe direito o que aconteceu, mas uma coisa é certa: essa é uma notícia que ninguém gostaria de dar ou receber.
Acordei nessa madrugada de domingo cerca de 3h30 (horário de verão de Fortaleza) sentindo um calor que considerava absurdo. Precisei levantar, refrescar o corpo e a boca para conseguir voltar a dormir. Quando eu poderia supor que, naquele exato instante, uma cidade conhecida por seu clima agradável estaria tendo vidas consumidas pelo calor mais implacável de todos: o fogo da negligência. Não é preciso que a perícia seja finalizada para saber que tantas vidas assim não se vão sem levar consigo um vestígio de descuido, que fica impregnado em seus familiares e amigos como se estes ficassem com um pouco daquele cheiro de fumaça, aquela mesma fumaça que foi o derradeiro e fatal suspiro de seus amados. Isso sim é absurdo, e a isso eu não consigo denominar tragédia. Porque tragédia eu enxergo aquilo com o qual não tem como haver prevenção, sob o qual não temos qualquer domínio. Isso que aconteceu em Santa Maria é algo que palavra nenhuma saberá dizer. Por mais que se explique, não haverá justificativas que sejam capazes de preencher esse enorme silêncio que ficou. Os celulares uma hora deixarão de tocar, mas a vontade de ouvir novamente aquela voz do outro lado da linha vai ficar. Os sonhos se foram junto com todas essas vozes e ficou a dor daqueles que sabem que estes sonhos não poderão ser realizados.
Aqui onde moro lá fora o sol está aberto, escaldante, mas aqui dentro está tudo nublado, até chovendo. Aquela chuva que não cai do céu. Aquela chuva que roga ao céu. Santa Maria, cidade denominada como Coração do Rio Grande, saiba que hoje o meu transborda em pranto a dor de vocês.

Carolina Braga, 27 de jan. de 13.

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