domingo, 16 de janeiro de 2011

A presença da ausência


Pior do que a saudade do que se foi, é a saudade do que nunca chegou.

Essa constatação e sentimento ocorreram-me esses dias, mais uma vez, ao identificar uma perda alheia, a perda de algo que jamais conheci o gosto ou matiz. Em momento algum essa declaração possui como intento tornar menor a dor do meu semelhante. Do contrário, constato uma vez mais com profunda alegria, o poder que algumas coisas têm de continuar. Tenho impressa em minha história, ausências que nunca foram presença e ausências de presentes físicos que se revelaram presentes para toda a vida mesmo depois de partir. A diferença entre estas duas para mim é muito clara: uma é vazia de sentimento e significado – a outra preenche de esperança o que no princípio era só desespero; uma nos remete a momentos de felicidade, que mesmo depois te tanto tempo são motivação de sorrisos – a outra é vazia de lembranças e verdade.

Toda ausência é sentida, mas o que dá sentido ao que somos é aquilo que tem o poder de permanecer em nós, mesmo que não exista uma nova chance para nós.


Carolina Braga, 16 de jan. de 11.

Um comentário:

priscilla disse...

Ausentei-me nas palavras.
Talvez isso, seja pelo fato de ter entendido bem isso aqui, ou achar ter entendido. rs

Interessante a falta que teu texto abordava. Fui analisar as faltas que eu tinha/ tenho. Foi meio triste, mas o texto adorei reler na terceira vez. ;*


[Priscilla Carvalho]